quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Esquizofrenia social em tempos de eleição

Tão infernal quanto o calor que sinaliza um verão insuportável que virá, são as redes sociais no período eleitoral. Pra quem tinha esperanças que ao término das eleições o alvoroço social digital se aquietaria eu vós digo - balela. Talvez dure até o Carnaval de 2015 ou até o próximo escândalo da vida privada de algum pobre coitado, mas o fato é que está caótico. Não por essas eleições terem despertado um "eu" militante e reivindicador escondido em cada ser humano, pro bem ou para o mal, o que na realidade é muito positivo, afinal, somos seres pertencentes a uma sociedade que devemos sim reivindicar por melhorias desta. Agora. O que me surpreende dia-a-dia é a esquizofrenia social que foi formada com essas eleições. O ser crítica sem procurar fontes, compartilha coisas sem ver a veracidade dos fatos, incita ódio e violência pelo simples fato de não ter conseguido o que se queria, no caso, que os seu candidato chegasse ao poder. A minha sensação é que são aquelas crianças mimadas que os pais davam tudo o que queriam na infância, sabe? Não sabe perder. Sempre teve tudo o que quis a seu bel prazer. Não sabe aceitar os fatos tais quais eles são. O fato é que o lado vencido está com uma dor de cotovelo imensa e esqueceu a história de seu país, ou, o que quer dizer a palavra democracia que não por menos é o que está estabelecido hoje. Mas antes de dizer o significado desta vou recordar as aulas de história.  
A ditadura militar no Brasil foi instaurada em 1964 e durou até 1985, de caráter "breve" durou 21 anos. Sabe o que aconteceu nesse período no Brasil? Censura, tortura, mortes. Não existia liberdade de expressão. Você poderia ser morto por tentar dizer o que pensava. Por sorte quando eu nasci em 1989 não vivíamos mais um regime ditatorial, estávamos já passando por um período de redemocratização do país. Hoje, 29 anos após o fim da ditadura militar sou obrigada a ver seres humanos residentes nesse Brasil de meu Deus dizer que querem o retorno da ditadura ou o impeachment da presidenta reeleita no país Dilma Rousseff. Isso me da cólicas, náuseas e aversão. Denota total irresponsabilidade de quem ao fazer esse tipo de menção instiga a volta da censura, do ódio e da intolerância. Mas devo lembrar que só o fato de poderem ao menos reivindicar um impeachment ou serem contra isso ressalta o fato de vivermos em uma democracia. O que é democracia? Ao pé da letra "governo do povo". Segundo o dicionário quer dizer: "Forma de governo em que o povo elege livremente seus representantes". Não vou aqui entrar em embates teóricos sobre tudo isso. Mas o fato é que vivemos em uma e as eleições desse país passaram por ela. Aceite, estude, reavalie seus modos de conduzir a vida. A maior parte das pessoas que eu vejo reclamando que o seu candidato não entrou sequer vi militando para que tal acontecesse, ou, quando o fez, usou de péssimos argumentos ou de posts de terceiros, nunca escreveram ou disseram nada por si próprios. Na próxima usem bons argumentos e os criem sozinhos, militem mais, pensem por si próprios. A mudança que você deseja não virá retrocedendo ao passado obscuro desse país. A mudança começa em você, com respeito ao próximo e a própria democracia em que vive. O Estado tem que temer o povo e não o povo o seu Estado. Bom, esse é talvez só mais um dos tantos textos de pessoas que falaram por aí nessas eleições, vejo como um desabafo particular sobre um momento da história onde percebo que os ânimos estão tão a flor da pele que faltam três coisas básicas: educação, leitura e reflexão. 

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