quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Sonhar com Zaratustra: Mergulhando em Nietzsche

Certa manhã acordei de sonhos intranquilos. Havia sonhado que estava em um avião, onde um demônio tentava derruba-lo, quando uma espécie de espírito de luz entrou dentro do avião e disse "sou Zaratustra e vim te ajudar". Foi quando conseguiu pousar o avião após uma longa briga entre o que seria o Diabo e ele, Zaratustra. Quando acordei, pensei, será que Zaratustra existe? E digitei no santo google para ver se achava algo, até então nunca havia escutado falar nada sobre. Foi quando me apareceu a história de Zaratustra, mais conhecido como Zoroastro. Um ser fundador do Masdeísmo, a primeira religião monoteísta do mundo. A denominação grega significa contemplador dos astros. Fiquei maluca com o fato de tal criatura aparecer em meu sonho e se apresentar a mim como quem queria dizer algo. E foi assim que descobri o livro de Nietzsche "Assim falava Zaratustra" e comecei a lê-lo. Coincidentemente ou não me senti contemplada em cada palavra do livro, como se tivesse achando as respostas pra algumas perguntas que a tempos me atormentava. E sendo assim, vou transcrever alguns dos trechos de alta reflexão e profundidade que me chamou atenção no livro, fica a cargo de cada um refletir e tirar suas próprias conclusões.

"Eu vos anuncio o super-homem. O homem só existe para ser superado. Que fizestes para o superar? Até agora todos os seres criaram alguma coisa que os supera, e vós quereis ser o refluxo desta grande maré e regressar ao animal em vez de superar o homem? Que é o macaco para o homem? Uma irrisão ou uma dolorosa vergonha? Tal será o homem para o Super-homem: uma irrisão ou uma dolorosa vergonha. Percorrestes o caminho que vai do verme ao homem e ainda em vós resta muito do verme.Outrora fostes macacos, e mesmo agora o homem é mais macaco do que todos os macacos. Mesmo o mais sage de todos vós não passa de um ser híbrido e disparatado, meio-planta, meio-fantasma. Acaso vós disse para vos tornardes fantasmas ou plantas? Eis que vos anuncio o Super-homem. O Super-homem é o sentido da terra. Que a vossa vontade diga: possa o Super-homem tornar-se o sentido da terra. Exorto-vos, meus irmãos, a que permaneçais fiéis à terra e não acrediteis naqueles que vos fala de esperanças supra-terrestres. Conscientemente ou não, são envenenadores. São menosprezadores da vida, moribundos, intoxicados de quem a terra esta cansada: que pereçam pois. Mas vós, meus irmãos, dizei-me: que diz o vosso corpo da vossa alma? Não é a vossa alma miséria, imundice e conformidade lastimosa? Na verdade o homem é um rio lamacento. É preciso ser pelo menos o mar para absorver em si um rio lamacento sem se toldar. Pois bem, vos anuncio o Super-homem. É ele esse mar, nele se irá perder o vosso grande desprezo. [...] O homem é uma coisa estendida entre o animal e o Super-Homem - uma corda sobre o abismo. É perigoso vencer o abismo - é perigoso ir por este caminho - é perigoso olhar pra trás - é perigoso ter uma tontura e parar de repente! A grandeza do homem esta em ser uma ponte e não uma meta; o que se pode amar no homem é ser ele transição e perdição"

O ar leve e puro, o perigo próximo e o espírito pleno de alegre malícia, tudo isso se harmoniza maravilhosamente. Gosto de me ver rodeado de duendes maliciosos, porque sou corajoso. A coragem afugenta os fantasmas, mas cria os seus próprios duendes. A coragem gosta de rir. Sinto todas as coisas diferentemente de vós; a nuvem que distingo abaixo de mim, escura e carregada, e de que me rio - é para vós uma nuvem tempestuosa. Vós olhais para cima, porque aspirais a elevar-vos. E eu, como estou no alto, olho para baixo. Qual e vós sabe ainda rir, mesmo depois de ter atingido o alto? O que escala os mais elevados montes ri-se das cenas trágicas do palco como da gravidade trágica da vida. Corajosos, despreocupados, zombeteiros, imperiosos, assim nos querem a sabedoria; é mulher e só pode amar guerreiros. Vós me dizeis: a vida é um fardo pesado. Mas para que vos servem o vosso orgulho matinal e a vossa resignação da tarde? A vida é um fardo pesado? Não vos mostreis tão contristados! Não passamos todos de uns bons burrinhos e burrinhas de carga. Que temos em comum com um botão de rosa que verga sob o peso de uma gota de orvalho? É verdade que se amamos a vida, é por estarmos mais habituados a amar do que a viver. Há sempre o seu quê de loucura no amor. Mas há sempre o seu quê de razão na loucura. E quanto a mim, que gosto da vida, parece-me que aqueles que melhor se entendem com a felicidade, são as borboletas e as bolão de sabão, e tudo o que entre os homens se lhe assemelhe. Ver revolutear essas alminhas aladas e loucas, graciosas e movediças, é o que arranca a Zaratustra vontade de chorar e cantar. Eu só podia acreditar num Deus que soubesse dançar. E quando vi o Diabo, achei-o grave, meticuloso, profundo, solene; era o espírito da Gravidade. É ele que faz cair todas as coisas. Não é a cólera, é o riso que mata. Adiante! matemos o espírito da Gravidade! Eu aprendi a andar: desde então deixei de esperar que me empurrassem para mudar de sítio. Vede como me sinto leve; vede, estou a voar; vede, agora vejo-me do alto, como um pássaro; vede, um Deus dança em mim."

"O Estado é o lugar onde todos se perdem, os bons e os maus; onde o lento suicídio de todos se chama a vida. Vede, pois, esses supérfluos! Estão sempre doentes, vomitam a sua bílis; é a isso que chamam jornais. Entredevoram-se e nem sequer chegam a digerir-se. Vede, pois, esses supérfluos!  Adquirem riquezas e só se torna mais pobres. Querem o poder, e primeiro de tudo a alavanca do poder, muito dinheiro - esses impotentes! Todos querem ascender ao trono; é a sua loucura; como se a felicidade estivesse no trono. Muitas vezes é a lama que está no trono, e muitas vezes é o trono que esta plantado no lodo. São todos loucos, eu vo-lo digo outros tantos macacos e febris. O seu ídolo, esse monstro frio, cheira mal; também eles, esses idólatras cheiram mal. Quereis por hora abafar na exalação das suas goelas e dos seus apetites, ó meus irmãos? Arrancai antes as janelas e saltai para o ar livre! Evitai esse cheiro odioso! Evitai cair na idolatria desses supérfluos! Evitai esse cheiro odioso! Afastai-vos do fumo desses sacrifícios humanos! Para aqueles que se exilam voluntariamente, solitários ou aos pares, ainda há vagos muitos sítios onde sopra o hálito dos mares silenciosos. Ainda resta uma vida livre as almas grandes. Na verdade, quando se possui pouco, tanto menos se é possuído. Abençoada seja uma modesta pobreza! Onde acaba o Estado começa o homem que não é supérfluo; onde acaba o Estado - olhai para lá, meus irmãos! Não distinguis o arco íris e as pontes que levam ao Super-Homem?"

"Foge, meu amigo, refugia-te na tua solidão! Vejo-te aturdido pelo estrondo dos grandes homens e apoquentado pelos aguilhões dos pequenos."

"Os criadores de valores foram os primeiros povos, e só mais tarde indivíduos. Na verdade, o indivíduo foi a última criatura a aparecer"

"Até ao presente tem havido mil fins diferentes, porque houve milhares povos. O que falta, é a cadeia lançada a estas mil cervizes, o que falta, é um fim único. A humanidade ainda não tem fim. Mas dizei-me, irmãos, se a humanidade sofre por lhe faltar um fim, não será porque ainda não existe humanidade?"


"O solitário é como um poço sem fundo. É fácil lançar nele uma pedra; mas uma vez a pedra chegada ao fundo, dizei-me, quem se atreve-rá a tirá-la? Livrá-vos então de ofender o Solitário. Mas se vos acontecer ofendê-lo, então, matai-o também."

"Tenho uma pergunta, mas para ti só, meu irmão. Lanço-a na tua alma como uma sonda para lhe conhecer a profundidade. És jovem, e desejas mulher e filho. Eu, porém, te pergunto, serás homem que tenha o direito de desejar um filho? És vitorioso, senhor de ti e dos teus sentidos, senhor das tuas virtudes? É o que te pergunto. Ou pelo contrário são o animal e a necessidade animal que falam nesse desejo? Ou a solidão? Ou o descontentamento de ti mesmo? A tua vitória e a tua liberdade é que deveriam desejar um filho. Então levantarás monumentos vivos à tua vitória e à tua libertação. Terás que construir qualquer coisa que te seja superior. Mas peço-te que primeiro te tenhas construído bem a ti mesmo, rectangular de corpo e alma. Não se trata somente de propagar a tua raça, mas de a levar mais acima! É a isso que te deve ajudar o jardim do casamento. Terás de criar um corpo superior, um primeiro móbil, uma roda que gire por si própria - terás de criar um criador. Casamento: chamo assim a vontade de dois criarem o ser único que deverá superar aqueles que o puseram no mundo. Respeito mútuo, eis o que constitui o casamento no meu entender, respeito recíproco dos que são animados por tal vontade. Tal deve ser o sentido e a verdade do teu casamento. Mas isso a que a plebe, a multidão dos supérfluos chama casamento, ai! que nome lhe hei-de dar? Ai, Esta miséria de alma a dois! Ai! esta imundice de alma a dois! Ai! esta mísera conformidade a dois! Eis ao que chamam casamento. E pretendem que os casamentos estão inscritos no céu! Pois bem, eu não quero esse céu dos supérfluos! Não, não amo essas bestas enredadas nas redes celestes! E fique bem longe de mim esse Deus que vem coxeando abençoar o que não os uniu. [...] E até o vosso melhor amor nunca é mais do que metáfora extática e ardor doloroso. É um archote que vos deve iluminar o caminho para os cimos mais elevados. Um dia amareis para além de vos próprios. Aprendei, pois, primeiro a amar assim. Por isso vos foi preciso beber o cálice amargo do vosso amor. Existe amargura mesmo no cálice do melhor amor, assim nos inspira o desejo do Super-Homem; que te dá sede, ó criador!"

Um comentário:

  1. Casino Near Me - Mapyro
    Find casinos near me 과천 출장안마 in Michigan in 2021. We 동두천 출장샵 have 392 slots, 36 안양 출장안마 table games, and 오산 출장안마 a 목포 출장샵 full bar/lounge. You'll find more than 1,300 slot machines,

    ResponderExcluir