quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Sobre poder e dominação em Weber, Marx, Bourdieu e Foucault


Alguns autores possuem formas diferentes de entender a questão da dominação e do poder. Vamos a alguns deles como Max Weber, Karl Marx, Pierre Bourdieu e Michel Foucault e as formas específicas para cada um:

Max Weber: Para Weber dominação é uma forma de exercício do poder. Mais o que está em jogo não é o uso da violência, mas é a capacidade de manter a iniciativa  das ações e tornar aceitáveis para os outros as ações que se está realizando, ou seja, se eu falo em dominação eu falo o seu complemento fundamental sem o qual ela não existe, porque dominação envolve continuidade no tempo, não é um ato isolado de poder, o exercício puro e simples do poder é aquilo que Weber chamaria de violência, que eu imponho a minha vontade sobre você pela força, ou por, qualquer outra maneira que esse ato se esgota nas consequências que tenha. Dominação não, dominação é persistente, é o exercício persistente de um poder. Para ser persistente não pode ser pura e simplesmente uma agregação de atos de violência, ele tem que ser aceito e tornar aceitável, ele tem que se traduzir em orientações de conduta que sejam consideradas aceitáveis também por aqueles que não se beneficiam diretamente, ou seja, por aqueles que seriam os dominados, os que seriam mais pacientes do que agentes, os que seguem a orientação mais do que definem a orientação, os que seguem mais do que tem a liderança, as ações dos dominantes são legitimas, mas a legitimidade nisso, a uma justificativa para isso e ela é aceitável. O exercício de uma dominação carismática envolve a presença de um conjunto de seguidores de liderança que consideram perfeitamente legitimo o que ele faz ou fala porque é diferente, então há um fundamento de legitimidade nisso. Weber procura definir algumas características básicas de vários fundamentos de legitimidade mais presente em sua época e aquele que tem a ver a natureza não só racional, mas legal dos mandatos daqueles que estão em posição de poder, quer dizer, existe um estatuto legal que obriga a todos a fazer tais coisas, portanto, aquele que manda fazer deriva a sua legitimidade no fato que ele está seguindo um estatuto, mais é preciso que haja aceitação, ou seja, não se pode pensar na sociedade em termos da continuidade de certas relações entre os homens em nome do caráter legítimo que eles atribuem as relações de conduta, que saem de um núcleo, que é a área de condução de liderança da sociedade, o grupo que domina a sociedade nesse sentido específico de dominação, de indicação de caminhos. Então, sem poder, sem dominação e sem o caráter sempre problemático da legitimidade não se pode falar em sociedade. Só que dependendo do fundamento que os homens dão a essa aceitação, esse caráter problemático da legitimidade muda. A ideia de um líder carismático excepcional e fora de série faz a legitimidade se tornar a mais problemática possível, porque, qualquer falha retira a base de obediência e tudo vem abaixo, além de que os líderes que são os dominantes carismáticos, não são imortais. A sociedade não é senão a aceitação de um grande número de dominados como legitima das orientações de conduta que são formuladas por um pequeno número de figuras e imposições dominantes. Para Weber o que existe é simplesmente poder e dominação. A dominação para Weber não é só repressão, ela parte também do indivíduo ao qual é orientado para adotar uma certa conduta de vida.  Por exemplo, na ética protestante a dominação se manifesta através de uma conduta considerada melhor. A dominação esta presente em todas as relações e é considera inevitável. A sociedade esta sempre em uma relação de meios e fins. O dominante conduz a ação dos agentes sociais em busca do próprio objetivo que é a salvação. A dominação para Weber é relacional. (Café filosófico: Gabriel Cohn: A sociologia de Weber - https://www.youtube.com/watch?v=qU_zUBTsILQ)


Karl Marx: A dominação em Marx se manifesta através da luta de classes e ela é sempre e necessariamente opressora. Ela se viabiliza através do viés econômico. O poder para Marx é econômico. Para Marx a dominação é estrutural. Marx faz análise da totalidade (onde uma coisa isolada é reflexão do todo que se baseia na questão econômica). A dialética é a relação mutua entre as coisas, onde está restrito por uma condição material (materialismo) e é histórica porque toda a sua análise é através da história. Ela é dialética porque "sou vítima" mais também sou sujeito transformador da história (dialética). Marx ele é determinista, ou seja, acredita que a economia ou o materialismo é determinante de vida. Acredita que tudo está em transformação contextualizando determinado momento histórico e acreditando em sua mudança. Os donos dos meios de produção dominam as outras classes. 


Pierre Bourdieu: Dominação para Bourdieu é o habitus. Porque quanto maior o capital cultural maior é o poder se transformando em uma dominação. Linguagem é dominação/ certificado, diplomas. Para Bourdieu não existem classes sociais e sim espaços sociais. Os sujeitos ocupam diversos espaços sociais de acordo com a distribuição dos diferentes tipos de capitais da sociedade. O espaço social determina diferentes espaços de tomada de posição e diferentes disposições. "Espaço relacional" é um conjunto de posições distintas e coexistentes, exteriores umas as outras por sua exterioridade mútua e por relações de proximidade, vizinhança ou de distanciamento e também, por relações de ordem, como acima, abaixo e entre. De maneira geral o espaço de posições sociais retraduz intermediação do espaço de disposições (ou de habitus) ou, em outros termos, ao sistema de separações diferenciais. A cada classe de posições corresponde a uma classe de habitus. Os habitus são estruturas estruturas dispostas a funcionar como estruturas estruturantes. Ou seja, o habitus é um sistema de disposições duradouras adquiridas pelo ator social durante o processo de socialização. As disposições são atitudes de ser, perceber, sentir, fazer e pensar interiorizadas pelo indivíduo em razão de suas condições objetivas de existência. 

Michel Foucault: Não existe para Foucault uma teoria geral do poder. O que significa dizer que suas análises não consideram o poder como uma realidade que possua uma natureza, uma essência que ele procura definir por caracteristicas universais. Não existe algo unitário e global chamado poder, mas unicamente formas díspares, heterogêneas, em contante transformação. O poder não é um objeto natural, uma coisa; é uma prática social e, como tal, constituída historicamente. O autor acredita que o mundo é regido pelo poder. O poder se constitui em um conjunto de dispositivos de sujeição que são ao mesmo tempo mecanismos de produção dos indivíduos. Nós, indivíduos, somos fabricados pelo poder, quando ele pensa isso está apontando a existência de experiências ou de espaços como: a família, a escola, as igrejas, as ciências, como sendo um mecanismo de poder que age na concepção dos indivíduos. Esses espaços são pensados como poder porque são experiências de produção, de subjetivação na sujeição. O poder são modos de subjetivação que envolvem o controle, a domesticação, a fabricação de corpos, atos e pensamentos. O poder para Foucault ocorre como uma maquinaria sem maquinista. O poder não é um objeto fixo, o poder é um exercício de múltiplas sujeições. É um conjunto de dispositivos em constante funcionamento e assim se faz existir em algumas práticas. O poder pode ser entendido como esse conjunto de mecanismos que produzindo, fabricando os indivíduos se espalha na sociedade enquanto uma rede de práticas e saberes constitutivos e que irá ser a realidade do indivíduo. Foucault pensa as relações de poder sem as relações econômicas com as classes sociais, dessa forma, surge a sua maior rixa com os marxistas. Para Foucault o poder necessariamente não vai atender a um princípio econômico. Em primeiro lugar o poder se faz existir como saber e uma técnica de fabricação de indivíduos sujeitos há disciplinas, como: dos atos, da sexualidade, do desejo. As relações de poder geram marcas no dia-a-dia. Ela é padronizada, homogeneizada, é reduzida a um padrão, a um modelo. Fazendo com que isso implique em um esvaziamento daquilo que seria o corpo individual. Para Foucault a produção do indivíduo pelo poder disciplinar é a produção de corpos individuais que devem ser vigiados, treinados, utilizados e eventualmente punidos. O poder produz produção e age de forma inconsciente sobre nós. (Café filosófico: Alípio de Souza Filho: "O que é poder? Pensar com Foucault" https://www.youtube.com/watch?v=aXasa8vGu_k)

Anthony Giddens: Destaca-se como o teórico que vai refletir sobre o sentido da sociedade em que vivemos e assim penetra no terreno da auto-identidade: procurando analisar de que forma a contemporaneidade se relaciona com aspectos mais íntimos da vida pessoal. Para ele a estrutura é um conjunto de regras e recursos (controle de coisas e de pessoas) é um conjunto de relações de transformações organizadas como propriedades dos sistemas sociais. A estrutura esta fora do tempo e do espaço sendo marcada pela ausência do sujeito. Giddens está preocupado em como o habitus/rotina orientam ações dos indivíduos e como essas vão influenciar nas estruturas por meio de um processo de estruturação que pode tanto dar continuidade como também transformar/modificar as estruturas. A sociedade para Giddens se volta para a ação das pessoas; A questão para ele não é a estrutura ou os agentes, mas como a vida e a ação atuam na constituição de ambos. Enquanto Bourdieu da centralidade no como a estrutura é internalizada em forma de habitus e como esses orientam ações dos indivíduos, a estrutura é reprodução. 

Um comentário:

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