terça-feira, 4 de novembro de 2014

Resumo: Sobre o Pensamento de Weber com breves comparações entre Durkheim e Marx


Para ajudar com meus próprios estudos resolvi criar uma espécie de guia rápido, um resumo sobre o autor Max Weber. Eventualmente virão novos posts sobre autores. Se interessar, que te ajude também! Utilizei para escrever o resumo livros, artigos e vídeos-aula do youtube. Vou iniciar contextualizando o autor para depois entrar no livro "A ética protestante e o espírito do capitalismo" de 1904. Utilizei como base de estudos o vídeo do café filosófico de Gabriel Cohn que anexarei no final do texto. Transcrevi as partes mais importantes da entrevista e que me ajudou a entender os pontos de Weber, Durkheim e Marx.


Max Weber (alemão, 1864- 1920) assim como Émile Durkheim (francês, 1858-1917) estava emerso a um contexto emergente da sociedade capitalista industrial do século XIX, as crises econômicas, o conflito entre burguesia e proletariado, a exclusão da terra dos camponeses, o surgimento de problemas urbanos e ambientais devido ao rápido crescimento populacional, entre outros acontecimentos que refletiram na obra de Max Weber e Émile Durkheim. Contudo, Durkheim se difere de Weber por pensar em um Estado forte e tendo como referencia uma sociedade já solidamente construída (a França), enquanto a Alemanha de Weber acabava de se unificar. Portanto para Durkheim a sociedade não era problema, pois já era uma base muito concreta, o que preocupava Durkheim era tudo aquilo que poderia contribuir para desagregar e desintegrar a sociedade, sendo o contrário da perspectiva weberiana, onde ele se alimenta do caráter problemático da construção de uma sociedade de um estado forte. A Alemanha na virada do século XIX para XX primeiro estava unificada e sob hegemonia prussiana, tinha atravessado um processo fundo e rápido de industrialização (algo parecido estava acontecendo na Rússia, no mesmo período, onde também ocorria um processo rápido de industrialização). A Alemanha passa por esse período turbulento e apressado de industrialização ao mesmo tempo em que se constitui como estado nacional, organizando-se em termos que correspondia em grande medida a um grande princípio organizador da sociedade que havia sido herdado do século passado (XIX), que é o período de Karl Marx. No caso não era o princípio da organização nacional mais o princípio da organização da sociedade por classes. A Alemanha percorre em um período muito curto a organização conflitiva conforme 2 princípios: 1° organiza o maior movimento operário do mundo a partir do Partido Social Democrata fortíssimo, que entra no século XX bastante vigoroso e junto com isso busca a sua afirmação na Europa como Estado Nacional. As duas coisas em vários momentos conflitam como em 1914, quando a social democracia da Alemanha austríaca raxa porque entra diante do dilema que se deve manter seus princípios internacionalistas e não votar a favor de créditos de guerra que resultaria na Primeira Guerra Mundial. O que significa a preocupação weberiana? Significa que para ele a questão constante é a das formas de organização da sociedade e da sua unificação política, como algo que se tem que fazer, que se esta em andamento, que não está garantido, como algo que se esta em constante desafio e isso alimenta toda a reflexão weberiana. Como nos diz Gabriel Cohn. Weber vai estar preocupado com o movimento da aranha mais do que com a arquitetura da teia. 
Weber esta preocupado com o tema que se articula com o pensamento de Marx que é: "Quais são as dificuldades, as possibilidades, eventualmente para a constituição de um grande sujeito histórico, ou seja, de grupos sociais que sejam capazes de atribuir um certo sentido a história, de dirigir uma sociedade a um certo rumo, de organiza-la em função de um determinado projeto." Essa era uma preocupação de Marx no século XIX, só que ele respondia em termos do que seria no entender dele a organização de classe na sociedade e é este também o tema Weberiano, só que no caso dele refrata diretamente sobre a Alemanha e a questão dele é: quem está em condições, quem é o grupo social que dentro da Alemanha esta em condições de dirigir essa sociedade no reino da constituição de um estado nacional soberano forte? A resposta primeira de Weber é que a Alemanha não tem nenhum grupo, nenhuma classe social que saberá imprimir a essa sociedade um rumo no sentido de realmente fazer a diferença no cenário internacional. Weber acreditava que pela localidade da Alemanha e pelo seu tamanho a posição na Europa, era o seu destino ser um estado forte, fazer a diferença no cenário internacional. Isso significa que ele não vai ficar preocupado com as estruturas já montadas (a arquitetura da teia), significa que vai estar preocupado com as ações e com os agentes dessas ações (o movimento do aranha). No caso de Weber o processo já está em andamento, a grande estrutura não está montada, o processo esta em andamento, a sociedade não é plenamente construída, portanto, não é por aí que se pode falar, tem que se colocar toda ênfase sobre quem age e que modalidades de ações estão sendo executadas. Essa ênfase de no interior das sociedades haver modalidades inovadoras de ação, modalidades que indiquem rumos a seguir, mas que não sejam simplesmente rotineiras e repetitivas, isso, em grande medida, alimenta a reflexão weberiana que vai conduzi-lo a discutir longamente o problema da burocracia, que é uma realidade fundamental nas sociedade modernas, uma burocracia racionalmente organizada, com estatutos legais bem definidos e que funcione de maneira eficiente, sabendo também que a boa administração por melhor que seja não resolve o problema político. Uma parte do pensamento weberiano gira em torno desse jogo complexo entre aquilo que ele chama de corpo administrativo, que permite fazer funcionar qualquer sociedade e que tem que ser altamente qualificado, e, a questão política que é a capacidade primeira de fazer funcionar o corpo administrativo, formular exigências que ela sozinha não formula e a segunda formular o programa para o conjunto da sociedade, formular objetivos, projetos.
O pensamento weberiano é visceralmente político, a rotina entra como um componente fundamental para que as coisas funcionem, sobretudo, quando organizado em termos burocratas, mas, o que importa não é apenas o funcionamento eficaz, mas sim a direção, que significa, que haja um agente, uma ação capaz de formular objetivos. O que acaba fazendo Weber formular uma teoria da ação pensada como uma atividade orientada para um objetivo que da o sentido a ação. Weber vai querer saber o que é buscado nas próprias ações pelos agentes, o que é construído pelos agentes ao longo do exercício da sua ação. As múltiplas linhas de ação que são feitas por incontestáveis agentes, elas tecem, de uma maneira complexa, o que se chamaria de tecido social. Elas são tecidas por agentes que estão em busca de uma meta e que se cruzam de mil maneiras, dessa forma, tentam estabelecer relações entre ações que se estabelecem de diversas maneiras para perceber se elas realmente se cruzam de algum modo.  
Marx acredita que haveria apenas uma área de ação que permearia todo resto, que seria a ação econômica, que determinaria o rumo das demais e o que Weber está dizendo é que nenhuma orientação de ação que o adote, por si só, garante uma outra ou imprime trajetória, o problema é saber se entre algumas em algum momento uma se torna importante para a outra. Cada uma delas tem uma trajetória segundo Weber, indo contra Marx nesse sentido.

- O Vídeo onde pode encontrar mais sobre é esse: 
https://www.youtube.com/watch?v=qU_zUBTsILQ

Resumindo "A ética protestante e o espírito do capitalismo" em específico, da pra entender a ideia de Weber dita acima no interior do livro. É o modo pelo qual Weber analisa determinado momento histórico. Entre o modo como determinadas populações europeias orientam a sua ação religiosa e o modo como orientam a sua vida econômica. O modo peculiar de como determinadas correntes do protestantismo levavam os homens a procurar indícios de sua salvação, se articulavam de uma maneira importante, de maneira significativa, como o modo pelo qual esses mesmos homens, se comportavam, se orientavam, conduziam a sua ação, a sua conduta, na área econômica. A ideia básica é a de que havendo uma insegurança fundamental sobre si, você vai ou não ser salvo após a morte? Se você esta entre aqueles predestinados a salvação. Havendo uma insegurança fundamental sobre isso, você é levado a orientar a sua conduta numa área onde os resultados são palpáveis e a área econômica é ótima pra isso, porque ela permite avaliar resultados que são claros na área econômica. O que significa que o protestante vai se esforçar cada vez mais para obter o máximo daquilo que depende dele, que é a área econômica, obter o máximo de sucesso, porque quanto mais naquilo que depender de mim eu obtiver sucesso, mais plausível se torna a ideia de que se esta fadado ao sucesso em outra área também, como, a religiosa. Ou seja, importa ou não para mim enquanto empresário que eu seja um bom integrante da igreja x? O que Weber esta preocupado é em acompanhar esse jogo intrincado em que os n fios vão se tecendo e eventualmente por esses ou aquele significados que um tenha para o outro vão se entrecruzando e aos poucos constituindo essa teia de relações que é a sociedade.
-Para Weber o capitalismo surge a partir do pensamento capitalista. Para ele são as ideias que mudam o mundo, para ele o capitalismo surge do espírito do capitalismo, ou seja, da ética capitalista.
-Para os calvinistas o nosso destino, se vamos para o céu ou para o inferno já está traçado, se já estamos predestinados, como saber se somos os escolhidos de Deus? A resposta está na ação econômica, o sucesso no trabalho ou a resistência ao pecado é um sinal de que você é o escolhido de Deus.
-Dessa forma, os calvinistas agem visando o lucro, reinvestindo. Para ele o protestante acumula dinheiro não para gastar, mais para reinvestir, a valorização do trabalho, do negócio, tudo isso geraria a ética capitalista que geraria o capitalismo.

Vou anexar aqui um artigo que achei interessante falando sobre a "objetividade" do conhecimento nas ciências sociais para Weber: http://csonline.ufjf.emnuvens.com.br/csonline/article/viewFile/2260/1607

Qualquer coisa a acrescentar deixe nos comentários. Só poderão ser feitos comentários se estiver logado na conta do google. Boa parte do texto acima é transcrito da entrevista de Gabriel Cohn ao café filosófico. Espero que te ajude também. 



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